domingo, 26 de fevereiro de 2012

UM DIA COMUM NO OSCAR de Junior Brassalotti

Personagens

Nic

Júlia

Cena 1 - Dia - Interna - telefone toca


Nic: Alô!


Julia: Nicole, é Julia, querida...

Nic: Oi Ju, tudo bem?


Julia: Tudo sim, escuta linda, vc vai no Oscar hoje?


Nic: Não sei... não tô com filme pra divulgar e comi 3 coxinhas de canguru ontem numa festa que o Karl deu aqui... tô meio inchadinha... nem liguei pra Chanel, nem nada, certa preguiça, muito velho hoje, até os números musicais cortaram.. 


Julia: Pois é menina, tô meio assim de ir também...e outra Billy Cristal?? já vi esse filme ZZzzzzzzZZZZZZZ... 



(risos)

Nic: (risos) Né? Mas você já trabalhou com ele,lembro do filme...


Julia: Contrato meu amor, contrato! E uma pessoa que fez o remake de A feiticeira, não pode falar de filme ruim de ninguém...


Nic: Calma Ju, brincadeira, até gosto d"Os Querinhos da América, a Catherine tá super bem...
Julia: ... 



(SILÊNCIO)...

Nic: ehh...Você vai de que?


Julia: Valentino eu acho, tem uns aqui que nunca usei, se eu for...o Tom Hanks me ligou, faz questão.. mas aquele nosso filme não deu muito certo, tô meio assim...e não suporto aquele povo falso do E! 


Nic: Sei bem, pelo menos não tiraram a Joan Rivers do sarcófago esse ano né? (risos)


Julia: (risos) É, soube que ela vai fazer Jurassic Park 4, protagonista!!! (risos)


Nic: Sarah Jessica Parker tá no elenco?????


Julia: KKKKK ai Nic, que maldade... mas acho que tá!!! kkk Faz a avó de um tiranossauro... (risos)


Nic: Sabe se vai ter atores de tevê lá?


Julia: Ah, deve ter né, esse povo é que nem Gremilin...tem até uma menina bem acima do peso indicada esse ano, coadjuvante claro... faz uma série que chama... como é mesmo?


Nic: Top chef?


Julia: (risos) Não... outra, uma bem gordinha...


Nic: É a Kristie Alley?


Julia: IMAGINA!!!! essazinha indicada...já não basta a Sandra Bullock e a Gwyneth terem ganho??


Nic: Por essas e outras não sei se vou...ah na nossa época...


Julia: (risos) Na sua né? Quando você concorria com a Ethel Barrymorre, com Gloria Swanson...


Nic: Gracinha...não podia ter papel mais adequado que a Bruxa Má da Branca de neve pra sra mesmo, né? Vai começar com essa linha agora? Bruxa, Tiazona solteira com doença terminal, mãe sábia?


Julia: Quem fala... até hoje as pessoas não sabem que você fez As Horas de cara limpa né? Acham que foi trabalho de maquiagem...Hum hum.


Nic: Ai Ju, só você mesmo, querida... Soube que você perdeu um papel pra Mila Kunis essa semana? Como você está? Deve ser horrível né?


Julia: (silêncio longo) Não perdi! Desisti! Tinha que fazer um sotaque estranho, eu estava mestruada no dia do teste, pouca paciência, diretor estreante, filme independente, aqueles coisas pra franceses e Sundance.. aff.


Nic: Sei..


Julia: E você? Tá afastada? Foi retocar algo? De novo? O que fez dessa vez? Tirou o estomago de vez?


Nic: (silêncio) Você sabe que eu nunca fiz nada, Julia!


Julia: Relaxa, Nic, sou sua fã, com lipo, sem lipo, você é linda de qualquer jeito...


Nic: Obrigada, sou sua fã também, com filme bom ou não em cartaz, aliás, troque de agente meu bem, andei sabendo de umas coisas do seu... pois um dos meus é ex namorado de um traficante que era crupiê em Las Vegas que saia com o pai do seu agente que disse coisas horríveis dele...


Julia: Eu sei de tudo...Meus advogados estão trabalhando já...


(silêncio)


Nic: Te vejo lá então?


Julia: Talvez eu vá...


Nic: talvez eu vá também...


Julia: Tem a festa daquelas bichas depois!


Nic: Elton Jhon e Madonna? Elas não brigaram no Globo de ouro?


Julia: Marketing só, aumentou o ibope e a procura das pulseirinhas pra essa festa, PA-RE-CE que Lady Gaga vai cantar a trilha de Chicago pelada uma hora lá...


Nic: Ai... que preguiça... dejavu... 


Julia: Pois é... mas parece que o Boby Brown e e Snnopy Dog vão..


Nic: Te encontro no banheiro de lá então!!!


Julia: Beijos e até mais!

O CARNAVAL DA POMPIS de Ronaldo Fernandes

TEMA: CARNAVAL
Pompis, Vóz, Valéria, Crooner, Coro e Batalhão. (Coro e Batalhão devem ser feito pelos mesmos atores) 


QUADRO I

POMPIS: Adoro o carnaval. Amo! Amo! Amo muito mesmo. É sempre assim, chegando o carnaval preparo as minhas malas em Santos e corro para o Rio de Janeiro e me hospedo no maravilhoso hotel pombal. O pombal é o reduto de todas. Todas dormem e acordam montadas. Já estou no pombal há dois dias e hoje é sábado de carnaval e daqui a pouco vamos todas para o cine Iris, curti o maravilho baile onde todas brilham e procuram um amor. Isso mesmo: Um amor. E que seja um amor de carnaval. Não tem problema. Que dure o que tiver que durar. (Batem na porta) Quem é?
VÓZ: Sou eu Pompis. Estamos todas quase prontas para o baile.
POMPIS: Eu ainda não estou toda montada. Falta colocar o cabelo.
VÓZ: Nós também ainda não estamos. Na verdade estamos todas na janela olhando uma cena ótima. Corre para janela do pombal e olhe lá pra rua da carioca que você verá.
POMPIS: Vou lá pra janela. O que será que essas loucas estão vendo? (Corre pra janela do pombal) Meu Deus olha só que louca... Mamando ali na rua. Gente como essas loucas ficam mais loucas no carnaval. Sabe, vou gritar. (Grita da janela) Isso. Mexe gostoso que ela gosta. Ela gosta bem forte. Deixa ela mamar. Ela quer mamar. (Rindo) Gente eles não param. Mesmo a gente gritando eles não param. Como ela é louca. (Clama pelas outras) Gente, tá todo mundo vendo?
CORO: Claro que estamos.
POMPIS: Só a Valéria mesmo para fazer isso. Ela é louca.
CORO: Louca. Louca é pouco.
POMPIS: Vamos reverenciar então?
CORO: Vamos!
CORO E POMPIS: (Cantam) Mamãe eu quero. Mamãe eu quero. Mamãe eu quero mamar. Dá a chupeta. Dá a chupeta pro beber não chorar.

Coro continua cantando mamãe eu quero.

POMPIS: Aplausos para a nossa maravilhosa e louca Valéria. (O pombal inteiro explode em palmas)

Coro continua cantando mamãe eu quero.

VALÉRIA: (Gritando da rua) Suas vacas, a gente não pode nem mamar em paz. É carnaval.
POMPIS: (Gritando) Toma vergonha Valéria.
VALÉRIA: (Gritando) O que eu posso fazer? Estava passando aqui na rua e me pedirem uma mamada. Você sabe que eu não nego um carinho a ninguém.

Coro continua cantando mamãe eu quero.

POMPIS: (Gritando) Todas nós aqui do pombal assistimos.
VALÉRIA: (Gritando) E todas querendo estar no meu lugar.
POMPIS: (Gritando) Quer saber? É carnaval. Vamos todas cantar a mamada da Valéria.
VALÉRIA, POMPIS e CORO: Mamãe eu quero. Mamãe eu quero. Mamãe eu quero mamar. Dá a chupeta. Dá a chupeta pro beber não chorar.
POMPIS: (Saindo da janela. Voz do coro vai sumindo ao longe até acabar) Deixa eu terminar de me arrumar. Vou prender a peruca. E ir pro baile. Nem vou ficar esperando essas loucas. (Olhando-se no espelho) Nossa como estou simplesinha: Mini saia branca, blusinha top também branca, cabelos negros até o ombro, sandália de salto médio, também branca, maquiagem leve e um lenço no pescoço, também branco. Sou praticamente uma enfermeira. Gostei. (Risos) Que louca. Agora é pegar a grande amiga de uma mulher (Pega uma bolsinha branca) e ir ao baile no cine Iris. (Sai)


QUADRO II

POMPIS: (Parada admirando) O fantástico Cine Iris, em outros tempos teve o nome de Cine Soberano, local das soberanas como eu. Na maravilhosa época de ouro da Praça Tiradentes, aqui teve grandes espetáculos do famoso Teatro de Revista. E eu se tivesse nascido naquela época, seria a maior vedete de todas as vedetes. Mas hoje tem o baile de carnaval e eu vou abalar Paris em chamas vestida de enfermeira. Algo me diz que hoje encontro meu homem.

Entra um homem negro. Alto e forte. É o crooner da orquestra.

CROONER: Boa noite moça.
POMPIS: Muito boa noite meu senhor.
CROONER: O que faz parada aqui na porta?
POMPIS: Sou enfermeira, mas estou um pouco perdida. Hoje era dia do meu plantão, mas não resistir e vim aqui pra o baile do cine Iris.
CROONER: Eu sou o crooner da orquestra.
POMPIS: Um crooner muito bem apessoado. Gostei.  Eu sempre quis conhecer um crooner. Gostei muito.
CROONER: Que bom que gostou. Estou com uma pequena dor aqui no peito. (Pega a mão da Pompis e colocar sobre o seu peito) Você me pode me examinar?
POMPIS: Estou sem os meus equipamentos, mas posso dar uma rápida examinada.
CROONER: Vamos entrar então. Lá no camarim a moça me examina.
POMPIS: Claro meu senhor. Sou uma enfermeira e tenho que honrar o meu juramento.
CROONER: Posso pegar na sua mão?
POMPIS: Pois não.
CROONER: Hoje preciso de uma enfermeira em tempo integral.
POMPIS: E eu, por ter faltado ao plantão, tenho todo o tempo do mundo.
CROONER: Hoje você fica do meu lado, sentada lá no palco, durante todo o baile tudo bem? Caso a dor se agrave, você poderá me dar toda a assistência.
POMPIS: Claro que sim. Uma enfermeira não pode fugir das suas obrigações e além do mais, eu adoro ficar sentada num palco.
CROONER: Então vamos entrar.
POMPIS: Mas uma enfermeira precisa ser paga por seu trabalho. O que tem lá dentro?
 CROONER: Lá dentro nós temos bananas.
POMPIS: (Dando a mão ao Crooner) Ai. Adoro bananas.
CROONER: Banana tem vitamina...
POMPIS: Engorda e faz crescer.
CROONER: Vamos entrar?
POMPIS: Claro que sim.
CORO: (Gritando) Por onde anda a Pompis?

Pompis ao ouvir olha para o coro e acena

CORO: Olha só quem vai lá de braços dados com o Crooner? É a nossa enfermeira Pompis.
POMPIS: (Para o coro) Lá dentro, nós temos bananas.
CORO: Que delicia! (Canta) Yes, nós temos bananas, bananas pra dar e vender, banana menina tem vitamina, banana engorda e faz crescer...
POMPIS: Pois é... (Canta) Yes, nós temos bananasbananas pra dar e vender, banana menina tem vitamina, banana engorda e faz crescer...

Coro continua cantando.

POMPIS: Adoro bananas. (Sai de braços dados com o Crooner  e a voz do coro vai sumindo ao longe).


QUADRO III


POMPIS: (Acordando toda desmontada) Ai meu Deus olha só pra mim. Estou toda desmontada.  Como vou fazer para sair desse quarto de hotel?  A noite com o Crooner foi perfeita. Fiquei o tempo inteiro sentada lá no palco sendo comida pelos olhos de inveja das outras e de vez em quando dando assistência ao microfone dele. (Risos) Que louca! A Valéria não agüentou de tanta raiva que até foi embora pro pombal antes do baile esquentar. Mas agora eu tenho que ir embora. Vou ver o que dar pra arrumar e vou assim mesmo. (Vai se montando com o que tem) Está aqui a mini saia branca, a blusinha top também branca, apenas uma sandália de salto médio... Nossa senhora, onde está a outra? (Procura o outro pé e não acha). Bom, vou fazer a enfermeira manca, vou só com um. Os cabelos negros já não estão até o ombro... Precisa escovar. Mas e term escova? (Risos) Que louca! Maquiagem não tem. Só um borrão. E a minha bolsa? Nem a minha bolsa está aqui. O crooner levou a minha bolsa. Filho da puta. Também, lá só tinha maquiagem.  Bom deixa eu ir. (Liga pra recepção do hotel) Meu amor eu quero acertar... Ele já acertou? Está tudo pago? Está bem. Obrigada. (Desliga o fone) Que homem tão maravilhoso. Levou a minha bolsa, mas acertou a conta do hotel. Vamos lá.

Faz com o corpo a saída do quarto do hotel e chega a rua. Ela está apenas com um sapato.

POMPIS: Devo está uma monstra. Mas vou fazer de conta que sou manca. Chegando ao pombal eu me arrumo toda. Espero que as meninas estejam dormindo. (Andando) Não acredito que vou ter que passar ali. Gente, o batalhão está sem apresentando e vou ter que passar na frente deles.  Mas logo assim? Já sei. Vou tirar o sapato e passar lá em frente correndo...
BATALHÃO: Marcha! Apresentar continência. (Cantam) Marcha soldado, cabeça de papel, quem não marchar direito vai preso pro quartel...

Pompis preparando-se para correr e passar em frente ao batalhão.

BATALHÃO: Marchando! Apresentar armas!  (Cantam) Marcha soldado, cabeça de papel, quem não marchar direito vai preso pro quartel...

Pompis corre, mas ao passar em frente ao batalhão eles param de cantar e ela olha pra trás.

BATALHÃO: (Começa a aplaudir e gritar) Eh! Eh! Eh!  (Cantam) Mulata bossa nova, caiu na Hully Gully, e só dá ela. Ê!Ê!Ê!Ê!Ê!Ê!Ê!Ê!Ê!Ê! Na passarela.
POMPIS: Por que vocês estão cantando essa? Eu não sou mulata!
BATALHÃO: Ei, você aí! Me dá um dinheiro aí! Me dá um dinheiro aí! Não vai dar?
Não vai dar não? Você vai ver a grande confusão, que eu vou fazer bebendo até cair
Me dá me dá me dá, ô! Me dá um dinheiro aí!
POMPIS: Estou lisa.
BATALHÃO: Você pensa que cachaça é água? Cachaça não é água não. Cachaça vem do alambique e água vem do ribeirão.
POMPIS: Pode me faltar tudo na vida, arroz, feijão e pão. Pode me faltar manteiga. E tudo mais não faz falta não.
BATALHÃO: Pode me faltar o amor, (Disto até acho graça). Só não quero que me falte
A danada da cachaça.
POMPIS: E quer saber? Vão tomar tudo no olho do cú!
BATALHÃO: Mas é Carnaval! Não me diga mais quem é você! Amanhã tudo volta ao normal. Deixa a festa acabar, deixa o barco correr.  Deixa o dia raiar, que hoje eu sou, da maneira que você me quer. O que você pedir eu lhe dou, seja você quem for, seja o que Deus quiser!Seja você quem for, seja o que Deus quiser!

FIM

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

VÓ NELSA de Kadu Veríssimo



Personagens

Vó Nelsa

Teca

 (obs- a personagem Teca pode ser interpretada por duas atrizes)

Teca

(esta velha, arruma-se com uma elegante porém poída fantasia de carnaval, lembrança de gloriosos tempos, maquia-se em frente ao espelho)

O ano era qualquer um desses aí, o tempo nunca importa pra mim, por mais que passem anos parece sempre que foi ontem...Havia uma vó  e um neta e  elas viviam sozinhas, (coloca um disco de marchinhas para tocar na vitrola) Eu sou Teca , minha vó chama-se Nelsa , ela era daquelas vozinhas que todo mundo  sonha ter, me criou desde pequena,dela guardo tantas lembranças, nossa época preferida era o carnaval ...


(mudança de luz, estamos no passado, a cena adquire uma atmosfera mágica)


Teca

Viviamos cantando tudo que é marchinha, de sol a sol, de lua a lua, arrumando a casa e até no banheiro...


(Vó Nelsa e Teca estão lavando banheiro, cantarolam algumas músicas, de fundo ouve-se uma grande folia e a mesma música cantada por elas, vozes de foliões)


Allah-lá-ô, ô ô ô ô ô ô

Mas que calor, ô ô ô ô ô ô

Atravessamos o deserto do Saara
O sol estava quente
Queimou a nossa cara


(arrumando a sala)


Chiquita Bacana lá da Martinica
Se veste com uma
Casca de banana nanica.
Não usa vestido, não usa calção;
Inverno pra ela é pleno verão.
Existencialista (com toda razão!),
Só faz o que manda o seu coração.
(arrumando quarto)

Mamãe eu quero, mamãe eu quero

Mamãe eu quero mamar!

Dá a chupeta, dá a chupeta, ai, dá a chupeta
Dá a chupeta pro bebê não chorar!

(final da musica, Teca adormece em meio aos lençois, sua avó lhe arruma e a cobre, beija e apaga a luz, mudança de clima, outro dia)

Vó Nelsa

(canta)

Acorda querida netinha
Acorda fica logo em pé
Que o dia já vem raiando
E a vovózinha preparou o café


Teca

 E todo dia de manhã, Vó Nelsa adorava me acordar...


Vó Nelsa

bom dia, bom dia, bom dia...


Teca

ah, vó me deixa dormir, só um pouquinho...


Vó Nelsa

só mais um pouquinho?


Teca

Isso, só mais bastantinho...


 Nelsa

Ah é? Então eu durmo com você...


Teca

 Isso vó , vamos dormir o dia inteiro...


Vó Nelsa

Ah é espertinha...


(faz cócegas nela , saem correndo brincando)


Teca

E Todo dia era assim, de manhã  ajudava Vó Nelsa a arrumar a casa...e a festa era garantida...


(cantam e brincam)


Eu fui às touradas em Madri

E quase não volto mais aqui
Pra ver Peri beijar Ceci

Oh! jardineira porque estás tão triste?
Mas o que foi que te aconteceu?
Foi a camélia que caiu do galho,
Deu dois suspiros e depois morreu.
Vem jardineira! Vem meu amor!
Não fiques triste que este mundo é todo seu.
Tu és muito mais bonita
Que a camélia que morreu.

(elas dançam e cantam com as com vassouras)


Teca

 e assim era o dia todo...


(estendem um varal)


cantam...


Agora vou mudar minha conduta, eu vou pra luta

pois eu quero me aprumar
Vou tratar você com a força bru.....ta, pra poder me
reabilitar 
Pois esta vida não está sopa e eu pergunto: com que roupa?
Com que roupa que eu vou pro samba que você me convidou?
Com que roupa que eu vou pro samba que você me convidou?



Vó Nelsa

Vamos, vamos... , adivinha o que vamos ter pra jantar hoje?


Teca

batata frita?


Vó Nelsa

Não


Teça

macarronada?


Vó Nelsa

ih,ta longe...


Teca

dá uma pista?


Vó Nelsa

sopa de feijão


Teca

Deus me livre eu odeio sopa de feijão


 Nelsa

Enquanto eu for viva você vai tomar minha sopa de feijão, é boa, forte, faz bem pros ossos,vê a sua vó, pode levantar um touro...


Teca

(ri) Ta bom, vai...


 Nelsa

E hoje vamos jantar fora...


Teca

Vamos pra um restaurante...


 Nelsa

Não querida, vamos comer fora de  casa, aqui no nosso quintal...


(estende a toalha)


Teca

Olha Vó, o céu ta cheio de estrelas...


Vó Nelsa

meu sonho sempre foi ser uma estrela


Teca

Dessas que brilham no céu?


Vó Nelsa

 não querida, ser estrela de cinema, você não acha que sua vó tem cara de artista...


(pega a toalha e faz um vestido ,risos, dançam um trecho de as pastorinhas de Noel Rosa - lento)

A estrela d'alva no céu desponta

E a lua anda tonta com tamanho esplendor.

E as pastorinhas, pra consolo da lua,

Vão cantando na rua lindos versos de amor.




Teca

Vó, a sra promete que nunca vai me deixar?


Vó Nelsa

Minha querida, a vovó não está aqui com você? (a abraça) então vamos aproveitar este momento juntas...


(continua instrumental de As Pastorinhas, o lençol do pic-nic transforma-se em coberta , Vó Nelsa cobre Teca, Teca dorme)


Teca

No outro dia, como era de costume dormi até mais tarde...mas vó Nelsa, não foi me acordar, corri para acordar Vó Nelsa.


Teca

bom dia, bom dia, bom dia...


Vó Nelsa

bom dia querida...


Teca

vó dormindo ainda? a sra ta doente?


Vó Nelsa

não querida, só um pouco cansada


Teca

então fique deitada que eu arrumo a casa sozinha e preparo aquela sopa de feijão pra nós...


Vó Nelsa

espere querida, (pega um chapéu e sua sombrinha) nós vamos sair...


Teca

sair?


 Nelsa

é temos coisas importantes pra fazer...venha quero lhe mostrar umas coisas...


Teca

E nós saímos e passamos o dia inteiro fora, andamos  pelas ruas, prestamos atenção nas cores, nos pássaros, no céu, tomaram banho de chuva(mostra imagens) seguimos uma velha banda de carnaval, Vó deixou com seus bens mais preciosos, seus livros e seus velhos discos de marchinha de carnaval...voltamos já era noitinha...


Teca

Vó posso dormir com a sra hoje?


 Vó Nelsa

Claro minha querida...


Teca

lembra quando eu era bem pequenininha, tinha um pesadelo a noite e a sra dormia comigo, pois bem, hoje sou eu que vou cuidar da sra, e contar um monte de histórias...


Vó Nelsa

que bom, era tudo que eu queria...mas Teca a vovó precisa conversar com você, talvez a vovó...


Teca

 Não precisa falar nada vó, vamos, vai ser a melhor noite que já tivemos...


(instrumental bambino de Ernesto Nazareth) (Teca a coloca para dormir, a cobre, vó dorme, ela olha as estrelas)


(Teca esta só no quarto )

(Teca toma sua sopa de feijão sozinha)

(Teca limpa a casa sozinha escutando os discos de Marchinha de carnaval)

(Teca janta no quintal, olhando as estrelas)

Tempo

(Inicia instrumental de as Pastorinhas, Teca já velha esta sentada ouvindo sua vitrola, fantasiada de colombina , esta feliz, ela começa a cantar as postorinhas, Vó Nelsa entra fantasiada de anjo com sua sombrinha, canta e dança com Teca, estão felizes e emocionadas...partem para sempre em meio a confetes e serpentinas)

Pastorinhas

(Noel Rosa e João de Barro)


A estrela d'alva
No céu desponta
E a lua anda tonta
Com tamanho esplendor
E as pastorinhas
Pra consolo da lua
Vão cantando na rua
Lindos versos de amor


Linda pastora

Morena da cor de Madalena
Tu não tens pena
De mim que vivo tonto com o teu olhar
Linda criança
Tu não me sais da lembrança
Meu coração não se cansa
De sempre e sempre te amar



Black-Out

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

A MARCHINHA PSICÓTICA DE DR. SENSACIONAL de Marcus Di Bello

TEMA: CARNAVAL

CORO
Eu mato
Eu mato
Quem roubou minha cueca
Para fazer pano de prato

Eu mato
Eu mato
Quem roubou minha cueca
Para fazer pano de prato

ATOR 1
(Complementando no fim da música)
E ‘tava lavada, sacanagem!

ATOR 2
Bom dia, telespectadores de todo o Brasil. Estamos aqui cobrindo o caso que está parando o país. Há três dias que o rapaz que se intitula Dr. Sensacional mantém a vítima Maria Cristina de Albuquerque presa dentro de casa. Segundo os policiais que estão envolvidos no caso, tudo teria começado quando a jovem garota usou uma roupa de baixo do namorado para secar a louça. A polícia tenta negociar, mas a situação está difícil. Voltamos a qualquer momento com mais informações.

ATOR 3
Eu gostaria de denunciar o circo que a mídia está fazendo em torno desse caso. Deveríamos estar preocupados com outras coisas. Por que vocês não se preocupam com a educação do nosso país, que está cada vez pior? Ou com a precariedade dos nossos hospitais? Ou com o preço da tarifa de ônibus? Que deveria ser gratuita, afinal, é um transporte público. Se preocupem com coisas mais importantes.

ATOR 1
Aê cambada, parece que o maluco deu um tiro!

ATOR 3
Eita porra, vamos correr pra ver isso!

(Tumulto para tentar ver algo)

ATOR 4
Voltamos ao vivo com o caso do Dr. Sensacional. Todas as emissoras de televisão estão presentes no local e parece que houve um disparo dentro do apartamento. Lembrando que o casal está preso há cinco dias. Falaremos agora com o comandante da operação de resgate. Bom dia, Capitão. O que houve?

ATOR 2
Olá, aqui quem fala é o Capitão Amilcar Gonzalez e o disparo que vocês ouviram, na verdade, foi acidental. Foi o estagiário da polícia que, sem querer, esbarrou no gatilho.

ATOR 4
Voltamos já com maiores informações!

(Muda a cena)

ATOR 1
Nós queremos justiça! Esse vagabundo não tem o direito de fazer isso. Esse babaca, meliante de uma figa. Que país é esse? Que país de merda é esse? Me dá imagens desse desgraçado! Esse fora da lei, esse moleque! Mostra a cara desse vagabundo. Onde estão as autoridades? Me digam, onde estão as autoridades?

ATOR 2
As autoridades estão no lançamento da nova plataforma de Petróleo, senhor.

ATOR 1
Estão, é? Então vamos mudar de matéria, vamos direto para a nova plataforma de Petróleo, esse empreendimento incrível! A nossa emissora tem imagens ao vivo do lançamento. Isso sim é um país desenvolvido, com essa nova plataforma. Grande conquista para o nosso país. Mostra aí!

(Muda a cena)

ATOR 3
Conseguimos informações sobre Maria Cristina de Albuquerque, a garota que está sofrendo nas mãos do Dr. Sensacional. Maria Cristina de Albuquerque, filha de Katia Rogéria Alves de Albuquerque e Luiz Antônio de Albuquerque, estudou toda a sua vida em escola particular. Possui uma tia em Belo Horizonte e um cachorro chamado Chitos. A comida preferida de Maria Cristina de Albuquerque é lasanha e o seu filme preferido é Kill Bill parte 2. A parte 1 ela acha maçante. Sua melhor amiga se chama Ana Flávia Siqueira e a cor do seu sutiã é rosa, sutiã esse que ela não troca desde segunda-feira passada.

ATOR 2
Voltamos ao vivo, em frente ao apartamento onde Dr. Sensacional mantém Maria Cristina de Albuquerque como refém. Estamos chegando perto do carnaval e a mídia já chama o caso de "A Marchinha Psicótica de Dr. Sensacional". Parece que a polícia resolveu arrombar a porta do apartamento, depois de mais de duas semanas de espera. E a operação começará agora. Estamos prestes a acompanhar ao vivo o fim dessa operação. Não sabemos o que pode acontecer. A polícia afirma não saber quais tipos de armas o Dr. Sensacional possui. E o momento é agora. Chegou a hora. A polícia vai entrar no apartamento. Atenção!

ATOR 4
Interrompemos para lembrar que amanhã tem capítulo inédito de Vale a Pena Rever Esse Troço! Amanhã, logo após o futebol dos artistas desempregados.

ATOR 2
A polícia arrombou a porta. Atenção! E o Dr. Sensacional sai algemado. É isso mesmo. Ele está saindo algemado. A polícia cumpre o seu dever de forma brilhante. Uma excelente prisão. Parabéns para a polícia por mais essa intervenção. Mostrando que a segurança pública está preparada. Vamos pegar uma palavrinha do Dr. Sensacional.

ATOR 1
Parem com isso. Me soltem. O que está acontecendo?

ATOR 2
Por que você manteve Maria Cristina de Albuquerque presa durante duas semanas?

ATOR 1
Vocês estão doidos? Eu não sou o Dr. Sensacional.

ATOR 2
Como não?

ATOR 1
Vocês prenderam o cara errado. Sou vizinho do casal, estou acompanhando o caso pela mídia. O Dr. Sensacional mora do meu lado. Me soltem!

ATOR 2
Voltamos aí do estúdio.

(Barulho de tiro)

CORO
Minha cueca ‘tava lavada
Foi um presente que ganhei da namorada
Minha cueca ‘tava lavada
Foi um presente que ganhei da namorada

Eu mato
Eu mato
A mídia sensacionalista
Que adora encher o saco

Eu mato
Eu mato
A mídia sensacionalista
Que adora encher o saco

Na tela da TV eu me prendo de novo
Pior que isso sai do meu bolso
Vou ver qualquer besteira enquanto frito um ovo
E quem paga isso tudo é o povo

(Blackout)