quinta-feira, 27 de outubro de 2011

COMO UMA VIRGEM de Marcus Di Bello

TEMA: MADONNA

(Dois amigos na mesa do bar. Bebem cerveja e comem uma porção de batata frita)

CÉSAR
O Tarantino estava errado.

RÔMULO
(Com uma batata na boca)
Como é?

CÉSAR
O Tarantino. Ele estava errado. Sabe o começo de Cães de Aluguel?

RÔMULO
Lembro pouco. É aquela conversa sobre a Madonna?

CÉSAR
Exatamente. Na verdade é uma conversa sobre a música Like a Virgin.

RÔMULO
E o que está errado?

CÉSAR
No filme ele diz que a música inteira é uma metáfora para pênis grandes. Que não é nada daquela besteira de que é uma garota vulnerável que conhece um rapaz sensível. Ele explica que, na verdade, é sobre uma mulher muito experiente na cama, que transa muito. Quando acorda, quando está tomando café, quando está no banho, quando está no trabalho.

RÔMULO
No trabalho?

CÉSAR
É só um exagero para mostrar o quanto ela transa.

RÔMULO
É uma máquina de sexo então?

CÉSAR
Isso! Uma máquina de sexo. Então ela transa muito, com os mais variados pênis. Até que ela conhece um cara, que possui a piroca de ouro. Sabe, os Beatles do pênis. O Albert Einstein da metida. O Charlie Sheen da grossura.

RÔMULO
Isso soou estranho.

CÉSAR
Enfim, então o Tarantino chega a essa conclusão de que quando ela conhece esse cara e, consequentemente, transa com ele, acontece algo que nunca havia acontecido antes: dói. Dói muito. Não deveria doer, porque ela está acostumada com isso, mas dói. Então é como se fosse a primeira vez. Like a virgin.

RÔMULO
Lembrei do filme agora. É aquele que tem o negrão, né?

CÉSAR
Samuel L. Jackson? É esse mesmo.

RÔMULO
Então o Tarantino estava errado? Parece tão certo para mim.

CÉSAR
Não! Está errado. A música não é sobre pênis grandes.

RÔMULO
É sobre o que então?

CÉSAR
Lesbianismo.

RÔMULO
Que besteira.

CÉSAR
Ouve o que eu ‘tô falando. Eu ouvi a música bastante quando era novo e faz umas duas semanas que venho analisando a letra. Trata-se de lesbianismo. Ela diz que foi enganada, que ficou triste e deprimida. Ela está falando dos homens. De todos os homens do mundo. É claro que a Madonna pensou nisso quando escreveu a música. Ela já gostava de mulheres na época, por isso escreveu Like a Virgin.

RÔMULO
Na época ela estava com o Sean Penn, não faz sentido.

CÉSAR
Faz todo o sentido. Foi um casamento de fachada. Isso acontece, os famosos fazem com mais naturalidade do que a gente imagina. Sean Penn era o amigo gay da Madonna.

RÔMULO
Sempre percebi um jeitinho afeminado nele mesmo. Principalmente depois que ele fez Milk.

CÉSAR
Tanto que eles se separaram dois anos depois de terem casado.

RÔMULO
É verdade.

CÉSAR
Então ela assina um contrato com a Pespi, que é uma marca de refrigerante para o público GLS.

RÔMULO
Espera, eu bebo Pepsi.

CÉSAR
Certo, vamos pular esse fato então. Mas lembra o que ela fez com a Britney?

RÔMULO
O beijo de língua?

CÉSAR
O beijo de língua! Like a Virgin se trata de lesbianismo. É uma mulher que está acostumada em trepar com homens, mas quando descobre a outra fruta se sente como uma virgem.

RÔMULO
A Madonna parece gostar de ninfetas.

CÉSAR
A Madonna se acha uma ninfeta, isso sim. Ela queria mesmo é se chamar Lolita.

RÔMULO
Mas e o Jesus Luz?

CÉSAR
Outro bicha. Foi desculpa para a Madonna vir ao Brasil e se encontrar com a Ivete.

RÔMULO
Você quer dizer que...
(César afirma com a cabeça)
Que mundo doido. Devia é acabar em 2012 mesmo.

CÉSAR
A Madonna não me engana, meu amigo. Pode enganar metade do mundo, mas a mim não.

RÔMULO
Realmente, o Tarantino estava errado.

CÉSAR
É tudo sobre lesbianismo.
(Silêncio na mesa. Cada um bebe uns dois goles de cerveja)

RÔMULO
Você estava falando sério quando disse que ouvia a música quando era mais novo?

(Blackout)

2 comentários: