quarta-feira, 5 de outubro de 2011

DOMINGO EM FAMÍLIA” de Junior Texaco.


Tema: Cozinha
Personagens: Walter, o marido
                          Clorinda, a esposa
                          Altanira, mãe de Walter

(Clorinda está na cozinha preparando o almoço, quando entram Walter e Altanira.)

Walter – Olha Clorinda, mamãe chegou pro almoço.
Clorinda – Oi dona Altanira, como vai a senhora, sente ai um pouco.
Altanira – Hum ta bom o cheiro hein?
Walter – Olha benzinho vou lá na sala beber uma cerveja com o pessoal. Fica ai com a mamãe, qualquer  coisa ela te ajuda, né mamãe? (pega uma cerveja na geladeira e sai)
Altanira – Pode deixar meu filho.
Clorinda – Não estou precisando de nada está tudo direitinho.
Altanira – O que vai ter de gostoso hoje posso ver? (abre o forno)
Clorinda -  É pernil. Está uma delicia. Estou experimentando um tempero novo.
Altanira – ah, ma eu não como pernil, não vai ter outra coisa?
Clorinda – Mas eu fiz com tanto capricho. Olha a farofa como está caprichada e o arroz fresquinho do jeito que a senhora gosta.
Altanira – Deixa eu ver a cara desse arroz…
Clorinda – Mas olha, não fica mexendo nas minhas panelas que eu não gosto dona Altanira. Fico nervosa e me atrapalho toda. Aqui na minha cozinha mando eu.
Altanira – Mas o que é isso? Quanta estupidez! E o Waltinho ainda me disse que se eu quisesse eu podia ajudar.
Clorinda – A senhora pode ajudar sim, ficando sentadinha ai enquanto eu penso em alguma coisa diferente pra fazer pra senhora. Que tal um macarrão à bolonhesa?
Altanira - Macarrão eu como todo domingo. Puff!
Clorinda (suspira e muda de assunto) - A senhora aceita um licorzinho? Eu que fiz.
Altanira – Fez é? Hum….
Clorinda- Gostou?
Altanira- Bonzinho, dá mais um pouco…
Clorinda- fique a vontade é pra abrir o apetite.
Altanira- Pra deixar a comida gostosa.
Clorinda – O que foi que a senhora disse?
Altanira (mudando de assunto) - Pra que todo esse azeite nessa panela? Um azeite caro ainda, dos bons…
Clorinda - Ah, mas é almoço em familia, né. Tenho que caprichar no seu molho.
Altanira - Mas faz com óleo mesmo, vai gastar um azeite bom, num molho que nem se vai sentir o gosto…
Clorinda - Imagina. Um bom azeite, dona Altanira deixa a comida mais gostosa.
Altanira - Vai é me desarranjar o estômago.
Clorinda - Olha me faz um favor? A senhora pode pegar um pirex ali no armário, eu vou botar o pernil  fatiado. Enquanto cozinha o macarrão e o molho eu vou arrumando direitinho. Já estou atrasada com esse almoço. Aproveita e bebe mais um licorzinho, tá?
Altanira – Mas olha só o que eu achei aqui?
Clorinda – O que?
Altanira – O meu pirex que a Marilu me trouxe de presente do estrangeiro! Sumiu desde a festa de ano novo na casa dela. Como é que veio parar aqui a senhora pode me explicar dona Clorinda?
Clorinda – É seu? Veio no meio das minhas coisas nem lembro como, achei que era da Marilu. Estava esperando pra devolver pra ela.
Altanira – Além de não saber de quem levou não tem nem a decência de esconder pra gente não ver.
Clorinda – Olha aqui dona Altanira a senhora está me chamando de ladra? O que é isso agora?
Altanira – Estou dizendo que se veio no meio das suas coisas e você não sabe de quem é não devia ficar usando devia era devolver.
Clorinda – Dona Altanira eu não quero me aborrecer. Hoje eu só quero passar um domingo tranquilo e feliz com a minha familia, pelo amor de Deus deixa eu fazer o nosso almoço em paz.
(Entra Walter e vai até a geladeira)
Walter – tudo bem vocês duas ai?
Altanira – Waltinho, ela não me deixa por a mão em nada
Clorinda – Ela diz que agora não come pernil.
Altanira – Me deixa mal do estômago.  Ela está esbanjando aquele seu aceite caro.
Walter – Mas que que é isso agora mamãe? A senhora sempre gostou de pernil. Para de encher a Clorinda e ajuda ela. Meu bem qualquer coisa estou na sala e olha, se der põe mais bebida na geladeira, está bem?
(Walter  pega mais uma cerveja, sai e Clorinda suspira estressada)
Altanira – Nem vou comer essa farofa, você encheu de páprica e toucinho. Vai me matar!
Clorinda – Olha aqui dona Altanira, eu me lembro muito bem que no ano novo a senhora se empanturrou de pernil com farofa até dizer chega e que foi servido nesse pirex que a senhora diz que eu roubei.
Altanira - Eu?
Clorinda - Se empanturrou tanto que chegou a dormir de boca aberta embaixo da mesa.  
Altanira – Disso você se lembra, mas não lembra que roubou o pirex.
Clorinda – Eu não vi que trouxe, estava no meio das minhas coisas, levei  quase toda a comida pra festa como eu ia lembrar depois? E a senhora nem levou nada. Só a boca grande.
Altanira – Mais respeito menina! E eu levei o pirex pra Marilu. Ela me pediu emprestado. Alem de ladra é desbocada.
Clorinda – Olha aqui agora, a senhora foi longe demais, ou sai da minha cozinha agora ou eu faço uma besteira. (pega o martelo de bater bife)
Altanira – Que é isso? Vai me agredir? É louca.
Clorinda – Sai da minha cozinha agora!
Altanira – Não saio! Depois você vai dizer pro Waltinho que eu não ajudei nada.
Clorinda – E não ajudou mesmo, velha chata dos infernos, olha só já queimei o arroz por sua causa.(corre pra salvar o arroz)
Altanira – Por minha causa não, você não presta atenção na cozinha, se atrapalha toda depois quer botar a culpa na gente.  
Clorinda – (avança pra cima da sogra com o martelo de bife)Sai daqui!
Altanira – Socorro! Ai!
(entra walter)
Walter – Que é isso vocês duas, que gritaria!
Clorinda – Sua mãe é louca, Walter me fez queimar o arroz!
Altanira – Ela ia me agredir com o martelo de bater bife Waltinho!
Clorinda – Imagina se eu ia fazer isso, estou aqui me virando pra fazer o almoço e ela fica me enchendo me dizendo que eu roubei o pirex da Marilu, a queridinha dela!
Walter – Vamos lá pra sala mamãe vem, deixa a Clorinda terminar o almoço em paz.
Clorinda – Ou o que restou dele,  ela me desconcentrou tanto que desandou tudo.
Walter – Não tem problema querida a gente come o macarrão que você está fazendo pra mamãe. E olha capricha no tempero, faz igual o da Marilu sabe como é, ela põe manjericão fresquinho depois do molho pronto, pode ser?
Altanira – A Marilu cozinha muito bem e nem é trouxa de ficar cozinhando no domingo.
Walter – Chega de implicância mamãe, venha. Deixa a Clorinda quieta.
(Saem)
Clorinda – Deixa estar velha dos infernos. Vou caprichar no seu molho a bolonhesa, ah vou, olha aqui, o que vou pôr, meia duzia de cartelinhas de imosec e quero ver probleminha no estômago. (começa a rir) Gente desgraçada, quero ver se a Marilu cara de cù faz um macarrão desses. Vão ficar sem cagar um mês! (e gargalha).
(Vai abrindo as cartelinhas de comprimidos, mexendo na panela e gargalhando.)
Blackout

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