sábado, 23 de julho de 2011

PRATO CHEIO de Betinho Neto

Vamos jantar. Eu e você. Prometo que será breve. Eu e você comendo ou você e eu comendo. Para de me comer com esse olhar. Que merda, não tenho nem cartas na manga. Odeio saber que você já entende e sabe tudo sobre mim. Quer vinho? Claro que não, você detesta vinho, só falei isso para você pensar que eu não sei mais nada sobre ti. Pura covardia. Ridículo eu sei, mas eu sou assim, sirvo esse tipo de prato por que sei que você ama. É lógico que você sabe. Meu jogo absoluto do amor parece damas, come, come, come e vira dama real. Sou bicho, ogro, nada comercial. Sou apenas criatura do jantar. Pedinte de atenção. Mas calme não se zangue, somos todos farinha, bolinhos de arroz perdidos na noite e talvez a ultima azeitona do macarrão. E voce? Não tem nada , eu acho que você não suga nada, não encorpa. Porém, fazer o que? Eu te amo. E eu fico sim, com medo da noite e sem medo do que to comendo. Mas você quando me olha nos olhos não tem fome, não tem nada... Pelo menos tem apenas eu. Enfim, vamos comer. Para de me olhar, meus olhos estão calejados. Não tem mais alma não, só tem isso. Droga, tristeza da vida, por que o caminho de pedras amarelas foi confiscado? Para. Tem muita dor aqui. Não te interessa, te chamei pra jantar e não para sofrer. Quem sou eu? Sou alguém que te ama, apenas isso. Alguém que te ama.

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