domingo, 11 de setembro de 2011

MAMÃE EU TE AMO de Betinho Neto

Filho: Mãe to com fome.

Mãe: Eu já disse que não tem o que comer meu filho.

Filho: Mas mãe, eu preciso comer, eu vou morrer.

Mãe: Não tem filho... Não tem comida e nem dinheiro. Seu pai tomou tudo de bebida o dinheiro da faxina que eu fiz hoje que era para comprar as coisas.

Filho: Mas mãe, o que vamos fazer? To com tanta fome...

(Filho começa a chorar, mãe coloca ele em seus braços)

Mãe: Vamos ficar aqui, juntos... Talvez em algum tempo isso tudo passe, a gente sonhe com alguma coisa boa e pense que tudo isso vai melhorar no futuro... Para agora de chorar tá bom? Eu não gosto de te ver chorar!

Filho: Mas eu continuo com fome mãe.

Mãe: Vai continuar sim filho, com fome, com sede.. Como a mamãe ta? Ta assim também, eu não como a dois dias direito, só o resto do prato de comida das patroa, mas não tem problema, tudo vai se acertar amanha é um novo dia, e a gente tem que acreditar que vai dar tudo certo viu? Amanha eu vou arrumar um bico e você vai comer, comer aquele sanduiche gostoso ali do seu Manoel ta bom?

Filho: E se a gente pedisse para a vizinha?

Mãe: Não, não quero. Já pedimos na outra semana quase todos os dias, a Dona Mariquinha tem seus filhos e agora netos para dar de comer, não podemos tirar da boca deles para colocar em outra.

Filho: Se a gente fosse na vendinha...

(Mãe da na cara da criança)

Mãe: Nunca mais, nunca mais diga isso ou pense em dizer! Você ta maluco? Roubar? Quem te ensinou isso?

Filho: O menino da escola ele...

Mãe: Ele é um marginal e eu não me mato de trabalhar para criar um filho marginal! Eu me mato de trabalhar para criar um filho que você tenha um futuro diferente de tudo isso. Sonho sempre sabe o que meu filho? Que você more em uma casa bonita, coma em prato de vidro, com talher de ouro... (pensando) Será que existe talher de ouro?

Filho: Eu mando fazer para você mãe...

Mãe: Eu trabalho para que um dia.,. Não agora... Essa fome que a gente ta passando seja fartura e que você possa ajudar os outros meu filho, possa mandar uns quilo de arroz e feijão pra essa gente da enchente, de terremoto que fica desesperado.

(Ela olha para o filho)

Mãe: Ta com fome né meu filho, eu vou dar um jeito tá? Calma, vai dar tudo certo.

Filho: Mãe...

Mãe: Calma, mas você tem que prometer ser uma pessoa boa, promete?

Filho: Claro, eu sempre prometo.

Mãe: Ta certo mamãe, eu já volto.

(Ela sai de casa chorando o menino observa pela janela, a mãe para em um carro, entra e sai de carro, passam quarenta minutos e ela volta com um sanduiche)

Filho: (Todo feliz, gritando) Mãe, onde você conseguiu?

Mãe: Peguei um empréstimo com a Dona Joana, moça boa (chorando) agora come minha criança que amanhã é um novo dia e nunca se esqueça do que eu sempre te ensino tá?

(Ele vai deitar)

Mãe: Não esqueceu de nada?

(Ele volta)

Filho: Boa noite mamãe, eu te amo.

(Ela chora e logo vai se deitar)

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